Ansiedade e alimentação na Medicina Chinesa

Vivemos em uma época de excessos: excesso de informação, excesso de trabalho, excesso de alimentação ruim, excesso de muitas coisas que deixam a saúde escassa. Os excessos muitas vezes vão tomando conta da nossa rotina e causam diversos problemas de ordem física e emocional. O principal deles é a ansiedade, já conhecida como o mal do século e tendo o Brasil como um dos líderes no ranking de pessoas ansiosas.

Ansiedade e alimentação possuem uma ligação muito mais próxima do que você imagina. Para entender melhor essa relação, siga a leitura!

Ansiedade na Medicina Chinesa

Para a Medicina Chinesa, as doenças são resultado de desequilíbrios, seja nos 5 elementos ou nas energias Yin-Yang. Sendo assim, a ansiedade pela visão da Medicina Chinesa também é resultado de um desequilíbrio energético.

Esse desequilíbrio pode se dar das mais diversas formas. No entanto, ele é mais profundo ao atingir a qualidade do nosso Qi (energia vital). 

O Qi é a energia que nos mantém vivos e saudáveis e que dá força e vitalidade a nossos órgãos e vísceras. A maior parte do Qi circulante no corpo  é produzido em nosso baço e, então, distribuído por todo nosso organismo em um fluxo tranquilo, em condições saudáveis. No entanto, algumas situações podem interferir na qualidade do Qi, enfraquecendo-o ou impedindo que ele flua normalmente por todo nosso organismo. Quando isso acontece, nossos órgãos são afetados e dão origem a diversos distúrbios como a ansiedade, por exemplo.

Com um Qi forte e saudável, todos os órgãos são bem nutridos e, por estarem intimamente ligados aos elementos e energias, tudo fica em equilíbrio. Quando o Qi é de má qualidade, ele pode ter uma circulação limitada, nutrindo inadequadamente alguns órgãos, gerando desequilíbrios em elementos específicos.

No caso da ansiedade especificamente, este desequilíbrio costuma acontecer nos elementos Fogo e Terra, ligados ao coração, intestino delgado, baço, pâncreas e estômago. Esse desequilíbrio tem várias causas, mas uma das principais é a alimentação.

Ansiedade e alimentação na Medicina Chinesa

A alimentação tem um impacto muito grande em um quadro de ansiedade. As farinhas brancas, açúcar e alimentos refinados, depois de consumidos, se transformam em glicose em nosso organismo. Essa glicose é estimulante de áreas cerebrais ligadas à recompensa – por isso o vício em doces é tão comum hoje em dia. Você está nervosa, estressada, vai lá e come um doce. Aquilo te traz uma sensação de recompensa imediata, prazer. E também cria um padrão: toda vez que você se sentir estressada, vai apelar para o doce para se acalmar – isso acontece de fato e a fisiologia explica. Não é à toa tanta gente viciada em açúcar. No entanto, temos aí um problema: junto do bem-estar da ingestão do doce, vem a agitação, a hiperestimulação. E essa agitação é péssima, principalmente quando falamos em ansiedade. Quanto mais açúcar é consumido, mais ansiedade é produzida. 

O problema é que a base da alimentação ocidental é rica em açúcar. Há açúcar até onde você não imagina: no pão, no macarrão, na massa de lasanha, no pão de queijo, no pastel, no biscoito “salgado”, no “salgadinho”, no suco natural, nas frutas, no arroz, no feijão… Sendo assim, muitas vezes você até acha que está se alimentando adequadamente, porém, está consumindo muito mais açúcar do que deveria.

Com tanta glicose no sangue, o pâncreas tem que trabalhar loucamente para dar conta de produzir toda a insulina necessária para levar a glicose (tóxica para o sangue) para dentro da célula. Com o passar do tempo, esse órgão começa a “cansar” e todo o elemento Terra fica comprometido.  A agitação mental é inevitável, já que esse elemento atua também no pensamento. E essa é uma das características mais difíceis da ansiedade: o excesso de pensamentos. 

O excesso de pensamentos  nos deixa nervosos, tensos, preocupados e, principalmente, exaustos, pois pensar consome muita energia. Além disso, esse monte de pensamentos acelerados prejudica muito a qualidade do nosso sono, o que faz com que não tenhamos um sono reparador de verdade, nos mantendo ainda mais cansados… e ansiosos. 

Ciclo vicioso – ansiedade e alimentação errada: 

Sabendo disso, se já vivemos em uma sociedade que nos deixa “naturalmente” mais ansiosos, podemos estar piorando e muito esse quadro  por conta de nossa rotina alimentar.

Mas a alimentação também tem outro aspecto, sendo uma parte extremamente importante na manutenção do equilíbrio entre elementos e energias do nosso corpo. Para você ter uma ideia, é da alimentação que se origina 70% do nosso Qi. Se a alimentação é de má qualidade, mas é dela que se origina um percentual tão grande do Qi, ele também acaba sendo de má qualidade. Quando uma energia de má qualidade flui pelo nosso corpo, ela afeta o funcionamento de diversos órgãos, afeta os elementos ligados a estes órgãos, gerando desequilíbrios. Estes desequilíbrios causam sintomas físicos e disfunções, como a ansiedade e além.

A Dietoterapia Chinesa no tratamento da ansiedade

Como pudemos ver, a ansiedade pode ser resultado de más escolhas alimentares e desequilíbrios energéticos causados por essas escolhas. E a Dietoterapia Chinesa é um dos pilares da Medicina Chinesa, pois procura o reequilíbrio energético através da alimentação. 

Dessa forma, ela costuma ser a terapia mais indicada dentro da MTC, pois traz resultados mais rápidos e eficazes, já que atua diretamente nos nossos hábitos diários e nada tem mais força do que o que fazemos todos os dias. 

No caso da ansiedade, principalmente quando em estágio avançado, ela deve ser utilizada dentro de um tratamento integrativo, em parceria com outros tratamentos como a psicoterapia, por exemplo. Porém, as orientações de ajustes alimentares e mudanças no estilo de vida são essenciais para o sucesso do tratamento. 

Dentro desse entendimento, entra mais um componente importante, além da retirada dos refinados da alimentação – o cuidado com o consumo de alimentos quentes demais, como o café, o cacau, as pimentas, a cúrcuma, o gengibre e tantos outros. 

Considerando que a ansiedade é um desequilíbrio de natureza yang, o consumo de alimentos quentes (yang) piora a condição. E não para por aí. Já que na maioria dos casos a ansiedade reflete um excesso do elemento Fogo, o consumo de alimentos amargos como o próprio café, chá mate, chá verde e o cacau podem também piorar a condição, por estimularem demais o coração em uma situação que este órgão já está hiperestimulado, dentro da visão da Medicina Chinesa. Por isso é preciso ter cuidado na hora de montar refeições nesse momento.

Alimentos como a canela e o gengibre, por exemplo, são muito utilizados como diuréticos ou para acelerar o metabolismo. No entanto, na visão oriental dos alimentos, eles são considerados quentes, piorando assim a ansiedade quando essa já é uma realidade. O mesmo acontece com a valeriana e a camomila que, inclusive, são  indicadas por vários profissionais  para tratamento da ansiedade. Ambas são plantas  quentes. Se a ansiedade do seu paciente for causada por excesso do elemento Fogo, essa prescrição pode ser um verdadeiro tiro no pé.

Você já percebeu que essa é uma condição complexa e em se tratando de alimentação e recomendação de ervas, é preciso aprofundar o conhecimento. 

Para saber o tratamento mais indicado é preciso, sem dúvida, de um diagnóstico assertivo. Para isso, o profissional precisa ter um olhar apurado e um conhecimento profundo da Medicina Chinesa e Dietoterapia Chinesa. Dessa forma, ele será capaz de entender a real origem dos desequilíbrios que estão causando a ansiedade e, então, orientar o tratamento para o foco do problema, tendo, assim, resultados bem mais rápidos e eficientes.

Resumo

Sendo a ansiedade o mal do século, precisamos de uma visão integrativa sobre o problema para sermos capazes de tratá-lo de forma adequada. A alimentação é um ponto fundamental, pois ela pode ser a origem do problema ou estar contribuindo para sua piora. Nesse sentido, o tratamento através da Dietoterapia Chinesa pode ser uma excelente maneira de trazer de volta o equilíbrio entre elementos e energias que estão causando ou piorando o quadro.

Em casos mais agudos e dependendo do grau de gravidade, aliar as forças da Medicina Chinesa e Medicina Ocidental pode ser o caminho, já que  os tratamentos se complementam e podem trazer resultados mais rápidos e eficazes. 

Para o bom manejo da ansiedade é necessário também ampliar a visão e olhar para todos os pilares do estilo de vida, a fim de fazer os ajustes necessários para que a vida volte aos trilhos e a saúde mental seja restabelecida. 

Para ser um profissional destaque, que é capaz de diagnosticar a origem dos desequilíbrios que estão causando a ansiedade e oferecer ao seu paciente um tratamento realmente eficaz, é necessário ter conhecimento aprofundado de Medicina Chinesa e Dietoterapia Chinesa. Para isso indico minha Formação em Dietoterapia Chinesa, um curso muito completo que reúne mais de uma década de estudos e prática clínica da Medicina Chinesa. Ele será um divisor de águas na sua vida profissional. Fique por dentro das próximas turmas clicando no banner abaixo:

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Agradeço por sua leitura até aqui. Espero que tenha gostado. Nos encontramos na próxima!

Para saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo:

A ansiedade e alimentação estão diretamente relacionadas!

Com carinho,

Cláudia Siqueira – Fisioterapeuta integrativa, especialista em Medicina Chinesa e Dietoterapia Chinesa, professora e palestrante.

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